Por Kelly Enne Saldanha
Dentro das atividades
do “Todo Camburão”, tivemos vários seminários feitos pelos próprios
participantes. No mês de maio seguimos estudando sobre o Aparthaid nos Estados
Unidos e na África. Os números dos negros no Ceará também foram estudados.
Números da violência, da educação, do desemprego, valores salariais etc. Tudo
isso foi discutido e não saiu do esperado. Os números dos negros são sempre
menores nos direitos e maiores na falta dele.
Seguindo as
discussões sobre esse mundo negro da periferia, tivemos a visita de Ana Vládia
Holanda e seu assunto foi a desmilitarização da polícia e política. A polícia e
política do Brasil estão atuando como se estivessem em uma guerra, com atitudes
de estado de guerra e isso somente vem mostrando uma falta de preparo para
lidar com a real questão no negro na periferia. A criminalização como controle
social da violência com o uso da violência é o que mais a gente tem visto.
Dentro desse contexto temos um mapa matável, onde a polícia tem liberdade de
matar sem ter perigo de investigação ou ser incomodado pela opinião pública. Adivinhem
onde fica esses lugares? Periferia, lógico.
Sempre se fala que o
problema da divisão de classes veio com o capitalismo, porém esse fato não é
verdadeiro. Na história da humanidade, sempre houve esse tipo de problema
social, porém com o capitalismo, essas diferenças ficaram ainda mais evidentes
e difíceis de lidar. Os países com maiores diferenças de renda entre a
população são os que apresentam maior violência.
Toda essa doutrina
militar admitida pela polícia no Brasil só faz aumentar a violência contra a
periferia. Contra esse fluxo militar, a busca é pela conscientização política,
para que a vontade do oprimido não seja a de ser opressor. Precisamos negar a
profecia de futuro no negro da favela. A busca é desmilitarizar a polícia e a
política.
Falar sobre a
desmilitarização só casou ainda mais com as atuais discussões que vínhamos
travando. Toda essa situação não era para nós desconhecida. O processo de
pesquisa nos trouxe uma lente de aumento. Aumentou para os problemas que sempre
vemos na TV na hora do almoço, para os nossos próprios problemas que sempre
mantivemos dentro de nós, escondidos, camuflados. A lente de aumento foi para tudo.
Temos da TV nossa
principal rede de situações para nossos debates e discussões. A TV no alimenta
de material descartável e sempre a olhamos com olhar de desconfiança.
Filtramos. Mas não podemos negá-la, pois é ela quem manipula mais da metade da
população brasileira, principalmente a cearense. A mídia, com sua bancada da
bala, vêm incentivando a barbárie, a loucura, a falta de bom senso. A TV nos
traz muitas imagens de terror que a todo momento vem sendo trabalhada com
banalização por ela mesma. Banalizar a violência, deixá-la comum, esperada,
aceita. Buscamos o contrário.
Conheça mais sobre o Comitê cearense pela desmilitarização da polícia e da política
"O projeto Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro é vencedor do Prêmio
Funarte de Arte Negra"
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