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TEATRO DE ACESSIBILIDADE

Posted by Nóis de Teatro On 19:58 No comments

Por Kelly Enne Saldanha



A circulação do espetáculo Quase Nada por Aracaju e São Luis nos oportunizou trabalhar a acessibilidade de uma outra maneira. Ter a presença dos tradutores de surdos dentro da sala de espetáculo nos mostrou uma outra visão do nosso próprio trabalho. Especialmente em Aracaju pudemos perceber as particularidades regional que a linguagem dos sinais apresentam, que varia de região pra região.
Quando pensamos em um espetáculo que circule em espaços fechados, não necessariamente para teatro, estamos pensando em acessibilidade. O Quase Nada pode ser apresentado em qualquer sala que apresente as condições mínimas. Essa possibilidade de se “encaixar” em outros espaços alternativos como sede de grupos de teatro que, em sua grande maioria, não apresenta palcos, oportuniza a possibilidade de circular por mais lugares. Outro exemplo de como trabalhamos a inclusão é a gratuidade de grande parte das sessões que apresentamos este espetáculo. Com a circulação do Quase Nada com o apoio da Petrobras e Ministério da Cultura pudemos incluir aqui também a comunidade surda.
Quando os tradutores de surdos chegam para compor o espetáculo, outras visões sobre o espetáculo vão sendo mostradas para Nó(i)s. Durante o processo de montagem tivemos a escolha de incluir algumas rubricas do autor durante a cena. Essa escolha se deu pela necessidade de reforçar sentidos e acontecimentos de cena. Com a chegada dos intérpretes de libras, esse recurso cênico é interpretado, por muitos, como áudio descrição.
Assim como em São Luis, em Aracaju tivemos que ver qual seria o melhor posicionamento da plateia surda. A localização durante a cena foi repetida do Maranhão, já que tínhamos essa experiência positiva da circulação anterior. Mas em relação aos profissionais contratados pudemos ver uma diferença muito grande com o trato com o trabalho. Existe um conjunto de regras e comportamentos que os profissionais da área de intérprete de libras precisam seguir. Em São Luis isso também existe, porém, se adequando a essa outra linguagem que é o teatro, lá eles tiveram modificações na forma de executar o trabalho. Eram atores interpretando libras e não somente os tradutores. Essa diferença foi percebida porque em São Luis tínhamos duas pessoas atuando juntas, onde havia o toque, a relação, assim como os atores. Já em Aracaju, as regras da profissão prevaleceram. Sendo assim, o intérprete fica sozinho em cena e haviam trocas entre os dois profissionais que nos acompanhavam.
Essas diferenças foram importantes para nós percebermos a regionalização das libras, tanto em relação ao trato profissional, quanto na execução do sinal para traduzirem a mesma situação. 

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