Numa
grande metrópole, um casal de classe média alta, de madrugada, é abordado por
um menino de rua num semáforo. Assustados, o jovem casal atira no menino. Antônio
e Sara recebem no seu apartamento uma senhora que julga ter visto o assassinato.
Duas questões colocam-se de forma antagônica em cena, ampliando a sua percepção
para além de um discurso fechado, totalizante. Se de um lado, o jovem casal assassinou,
a queima-roupa, uma criança de idade não revelada, do outro, a tal senhora faz
chantagem para não denunciar o caso.
. em cena .
Inquietos
com o surto de violência que assola as cidades nordestinas, em especial com os
antagonismos travados entre periferia e centro, favelização e concentração de
renda, a luta de classes sempre foi a força motriz do trabalho estético do Nóis de Teatro. O encontro com o
universo temático de Marcos Barbosa, dramaturgo cearense, veio fortalecer uma
série de questões poéticas e políticas que vinham nos atravessando nos últimos
anos, sobretudo pela necessidade de discutir violência urbana e os alarmantes
números que apontam nossas cidades como os lugares mais violentos do mundo,
dados que ameaçam uma classe média em ascensão, ávida por garantir seu lugar de
conforto e segurança.
A
pesquisa estética do Nóis de Teatro, sobretudo nos últimos anos, apontam
caminhos artísticos que aspiram um olhar dialético sobre o mundo contemporâneo.
Nossas imersões na poética da rua nos instigam, constantemente, a pensar um teatro
questionador, inquietante, detonador de uma cidade em crise. Ao montar “Quase
Nada” buscamos avançar nessa percepção dialética, crítica, na busca por uma
análise profunda da narrativa apresentada. Para isso, lançamo-nos num jogo
cênico que busca levantar a dúvida quanto às palavras ditas, utilizando de
recursos metalinguísticos pensados a partir do uso das rubricas do autor. Nesse
jogo, buscamos levantar um paralelo entre o caso apresentado em cena e a
realidade urbana, em decadência ética, condicionada pelos ditames hegemônicos e
esterilizadores do noção de cidade-marketing. O espetáculo é resultado da nossa
inquietude poética, da nossa necessidade de colocar uma lupa de estranhamento
sobre uma realidade impalatável que, cada vez mais, vem parecendo familiar,
aceitável.
. ficha técnica .
DIREÇÃO
GERAL Altemar di Monteiro | TEXTO Marcos
Barbosa | SARA Edna Freire | ANTÔNIO Magno Carvalho | VÂNIA Kelly Enne Saldanha
| CÉSAR Henrique Gonzaga | TÉCNICO DE SOM E LUZ Jefferson Saldanha | APOIO Nayana
Santos | FIGURINO Ruth Aragão | MAQUIAGEM Edna Freire | CENÁRIO Elaine Nascimento
e Jefferson Saldanha | CENOTÉCNICO Andre Rocha e Patrick
Welber | COSTUREIRA Ayla Silva | CABELEIREIRAS Taline Martins e Odeli
Lima | DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E MONTAGEM DOS VÍDEOS Irene Bandeira | PREPARAÇÃO
DE ELENCO PARA VÍDEO Nataly Rocha | CAPTAÇÃO DE SOM Vivi Rocha | FOTOGRAFIA Duda
Lemos | PROJETO GRÁFICO Walmick Campos | PRODUÇÃO Nóis de Teatro | PRODUÇÃO
EXECUTIVA Altemar di Monteiro, Kelly Enne Saldanha e Henrique Gonzaga
Veja o teaser do espetáculo:
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